sexta-feira, 10 de dezembro de 2010

TRILHOS


Um dia a vida apresentou,
um ao outro, nós dois;
e deixou-nos juntos,
p'ra caminhar depois.

E lá fomos nós;
formando par,
dia a dia,
sem parar.

E de acordo com que
a sociedade espera:
família, filhos;
tudo levado à vera.

Responsabilidade,
deveres por isso,
obrigações,
compromisso.

Falhas? sim!
Alguns deslizes;
mas a questão é saber
se nós dois somos felizes!

Não sei, não sei,
de verdade,
se o que sinto
é felicidade.

Você também, acredito,
questiona a vida assim:
não teria sido melhor
sem mim ?

Às vezes medito em nós;
que criamos bons filhos;
mas penso que vivemos
como acontece aos trilhos:

Linhas paralelas;
somos iguais, um par,
sempre juntos;
sem nunca nos encontrar.

O LOUCO DO SHOPPING


Estacionei o carro no parqueamento do shopping. Súbito, à minha frente, surge um homem mascarado. Eu acho graça e penso que o carnaval já começou, mas o homem retira do rosto a máscara e, com o dedo em riste, aproxima-se de mim. Com seus olhos fixos nos meus diz: - Idiota! porque vens aqui neste templo de perdição? Não enxergas para onde estás indo? maldito consumidor! O que sinto paraliza-me, não consigo me mover. Sou envolvido por um sentimento de pânico. Tento entender o que está ocorrendo. Ao redor outras pessoas riem do homem e chamam-lhe de louco. Aparece um segurança do shopping, avança para o misterioso homem, arranca-lhe a máscara da mão e, com ela,brutalmente, cobre o rosto do estranho indivíduo. As pessoas que até então riam e xingavam o homem calam-se e se dirigem para o interior do shopping. Eu, ainda abalado pelo ocorrido, tento entender a razão de tudo aquilo. O que está ocorrendo? Me aproximo do homem, agora subjugado pelo segurança, e lhe pergunto: - Quem é você? meu amigo! Ele tenta responder mas eu não consigo entender a resposta porque o segurança tapa os meus ouvidos. Em seguida o guarda me diz: -Seja bem-vindo consumidor! o shopping te espera! desculpe pelo transtorno, este louco teima em andar na contramão!

quinta-feira, 2 de dezembro de 2010

NÓS E NOSSOS FILHOS

Nós, os ocidentais, temos, constantemente, o hábito de pintar nossa forma de pensar e agir com "tintas românticas". E, então, às vezes, pagamos um preço por nossas atitudes, em função desta forma de enxergar a vida e agir sob a ótica dos desejos e não da realidade prática e objetiva. Veja abaixo o que diz sobre NÓS E NOSSOS FILHOS um homem oriental, o grande GIBRAN KHALIL GIBRAN, nascido no Líbano(Oriente Médio).

"Vossos filhos não são vossos filhos,
são os filhos e as filhas da ânsia da vida por si mesma.
Vêm através de vós, mas não de vós.
E embora vivam convosco, não vos pertencem.
Podeis outorgar-lhes vosso amor,
mas não vossos pensamentos.
Porque eles têm seus próprios pensamentos.
Podeis abrigar seus corpos, mas não suas almas;
Pois suas almas moram na mansão do amanhã,
que vós não podeis visitar nem mesmo em sonho.
Podeis esforçar-vos por ser como eles,
mas não podeis fazê-los como vós,
Porque a vida não anda para trás
e não se demora com os dias passados.
Vós sois os arcos dos quais vossos filhos
são arremessados como flechas vivas.
O Arqueiro mira o alvo na senda do infinito
e vos estica com toda a sua força
para que suas flechas se projetem rápido e para longe.
Que vosso encurvamento na mão do Arqueiro seja vossa alegria;
Pois assim como Ele ama a flecha que voa,
ama também o arco que permanece estável."

quarta-feira, 1 de dezembro de 2010

JULGAMENTO

Sou um estranho no meio de vós,
e, por isso, minha boca se cala;
não entendeis uma palavra sequer
da língua que minh'alma vos fala.

Culpar a quem por isso?
talvez a mim, talvez,
as minhas falhas, fracassos,
minha origem, a pequenez.

Envelheci sem crescer,
sem fruto intelectual,
pobre na sensibilidade,
até sem estofo moral.

Enfim, no vosso tribunal sou réu.
O crime? tornar-vos infelizes;
dobro-me, pois, ao julgamento
e condenação, meritíssimos juízes!

Mas, se vós me inocentardes,
vos peço,imploro,rogo e clamo:
esquecei vossas mágoas, perdoai;
preciso de vós porque vos amo.

sexta-feira, 27 de agosto de 2010

O FAROL

"Aprendi que não posso exigir o amor de ninguém...
Posso apenas dar boas razões para que gostem de mim...
E ter paciência para que a vida faça o resto..."
William Shakespeare

Iniciaram juntos o caminho. O homem ia um pouco mais à frente dos outros companheiros, dois jovens. O que ia na dianteira tinha a função de sentinela avançada; cabia-lhe a missão de garantir aos dois neófitos a segurança ao caminhar em terreno desconhecido. E durante um certo tempo foi assim. Até que os dois moços amadurecessem e se tornassem capazes de enfrentar sozinhos os obstáculos que o caminho estreito da vida oferece.
E o tempo passou; para a sentinela chegou o outono da vida, ocasião em que as forças, como as folhas, começam a cair e quando os cabelos, prenúncio do inverno que se avizinha, branqueiam-se. Contudo, a vida misteriosa revela-se providencial nestas ocasiões: se começa a tarde outonal para alguém, uma manhã primaveril se abre para quem vem em seguida. E a primavera é a época em que o vigor da existência alcança o seu máximo.
Hoje, o homem velho, na retaguarda dos dois caminhantes, observa-os seguir adiante por seus próprios meios. Capazes e determinados, construindo seus destinos. E se não lhe cabe mais a função de guarda, o velho agora, quando muito, e se preciso for, pode tornar-se um farol, até a hora em que a luz que serve de guia se apagar.

segunda-feira, 16 de agosto de 2010

Ai de ti! Rio de Janeiro

Ai de ti! Rio de Janeiro,
rainha brilhante de outrora,
mas, pelo capricho dos deuses,
prostituta barata de agora.

Tu te lembras do fulgor
do teu histórico passado?
Quando alguém te conhecia
e se quedava encantado?

Eras conhecida e notada
por tua beleza majestosa;
foste inclusive nomeada
como cidade maravilhosa.

Mas isto foi ontem,
hoje é outra a verdade;
perdeste honra e prestígio
e foi-se toda a majestade.

Já não és mais a rainha;
o rei te abandonou, afinal;
elegeu outra em teu lugar,
lá no planalto central

Perdeste toda a dignidade,
empobreceu a tua gente,
a nobreza foi-se embora
e tu ficaste decadente.

Teus filhos, lindos, elegantes,
de pele sempre bronzeada,
perderam toda proteção;
tomam, hoje, tiro e porrada.

A corte foi-se embora,
levou toda a nobre gente;
aqui ficaram o burguesinho
e os teus pobres somente.

Hoje, maltrapilha e suja,
pedes, chorosa, por favor,
sonhando em ter de volta
gala, fausto e explendor.

Mas é tarde, desgraçada!
és refém de vendilhões,
de gente fria e asquerosa
e deslavados cafetões.

Melhor seria que tu morresses
p'ra poder nascer de novo
com novas gerações
isentas das aberrações
do teu desgraçado povo.

RXJ-2010

sexta-feira, 23 de julho de 2010

PARA ANDREA E RUDY

FILHOS BRILHANTES ALUNOS FASCINANTES

Bons filhos conhecem o prefácio da história de seus pais. Filhos brilhantes vão muito mais longe, conhecem os capítulos mais importantes das suas vidas.

Bons jovens se preparam para o sucesso. Jovens brilhantes se preparam para as derrotas. Eles sabem que a vida é um contrato de risco e que não há caminhos sem acidentes.

Bons jovens têm sonhos ou disciplina. Jovens brilhantes têm sonhos e disciplina. Pois sonhos sem disciplina produzem pessoas frustradas, que nunca transformam seus sonhos em realidade, e disciplina sem sonhos produz servos, pessoas que executam ordens, que fazem tudo automaticamente e sem pensar.

Bons alunos escondem certas intenções, mas alunos fascinantes são transparentes. Eles sabem que quem não é fiel à sua consciência tem uma dívida impagável consigo mesmo. Não querem, como alguns políticos, o sucesso a qualquer preço. Só querem o sucesso conquistado com suor, inteligência e transparência. Pois sabem que é melhor a verdade que dói do que a mentira que produz falso alívio. A grandeza de um ser humano não está no quanto ele sabe mas no quanto ele tem consciência que não sabe.

O destino não é frequentemente inevitável, mas uma questão de escolha. Quem faz escolha, escreve sua própria história, constrói seus próprios caminhos.

Os sonhos não determinam o lugar onde vocês vão chegar, mas produzem a força necessária para tirá-los do lugar em que vocês estão. Sonhem com as estrelas para que vocês possam pisar pelo menos na Lua. Sonhem com a Lua para que vocês possam pisar pelo menos nos altos montes. Sonhem com os altos montes para que vocês possam ter dignidade quando atravessarem os vales das perdas e das frustrações. Bons alunos aprendem a matemática numérica, alunos fascinantes vão além, aprendem a matemática da emoção, que não tem conta exata e que rompe a regra da lógica. Nessa matemática você só aprende a multiplicar quando aprende a dividir, só consegue ganhar quando aprende a perder, só consegue receber, quando aprende a se doar.

Uma pessoa inteligente aprende com os seus erros, uma pessoa sábia vai além, aprende com os erros dos outros, pois é uma grande observadora.

Procurem um grande amor na vida e cultivem-no. Pois, sem amor, a vida se torna um rio sem nascente, um mar sem ondas, uma história sem aventura! Mas, nunca esqueçam, em primeiro lugar tenham um caso de amor consigo mesmos.

AUGUSTO CURY - PENSADOR

quinta-feira, 22 de julho de 2010

Detalhes em gotas

Nietzsche e Emerson


A felicidade é um perfume que não podemos espargir sobre os outros,
sem que caiam algumas gotas sobre nós mesmos.
Ralph Waldo Emerson

Todos os grandes homens saem da classe média.
Ralph Emerson

Na vingança e no amor a mulher é mais bárbara do que o homem.
Friedrich Nietzsche

Se uma mulher tem inclinações eruditas é porque, em geral, há algo de errado na sua sexualidade. A esterilidade predispõe a uma certa masculinidade do gosto; é que o homem, com vossa licença, é de fato «o animal estéril».
Friedrich Nietzsche

O que você é fala tão alto, que não consigo ouvir o que você está dizendo."
Ralph Waldo Emerson

Terás alegria, ou terás poder, disse Deus; mas não terás ambos.
Ralph Emerson

Deviam parar com a demagogia sobre as massas. As massas são rudes, sem preparação, ignorantes, perniciosas em suas reivindicações e influências. Não precisam de lisonjas mas de instrução.
Ralph Emerson

quarta-feira, 16 de junho de 2010

DIALÉTICA

A lancha, com mais de quarenta pés de comprimento, novinha, reluzente, desliza sobre as águas tranquilas da enseada do Sítio Forte, na Ilha Grande, em Angra dos Reis. O ronco de dois potentes motores, embora abafado, anuncia a chegada de algum "mala cheia", poderoso, curtindo as delícias da vida. À vista, na embarcação, no momento, somente um homem de pele queimada, com roupa característica de marinheiro. Não se via mais ninguém.
Quando a embarcação atingiu um certo ponto dentro da enseada, diminuindo a velocidade, ouviu-se o ruído típico de corrente sendo movimentada na proa; largara-se ferro, ou seja, uma âncora houvera sido lançada para fundear.
Motores desligados, nenhum ruído extra se ouvia, somente os sons próprios da exuberante natureza do local. Além disso, a leve brisa que soprava, aquecida pelo sol da tarde, contribuía para tornar agradabilíssima aquela tarde de sábado outonal. Época do ano em que veranistas rareiam por ali.
E naquele ambiente de repleto de paz, emoldurado pela beleza natural do lugar, surge na popa da lancha, vindo do seu interior,com uma taça de vinho na mão, acompanhado de uma mulher vestindo maiô, um homem de meia idade, vestindo bermuda e camisa,de pele branca, um pouco avermelhada pelo sol.
Ouvem-se então risos, vozes em alvoroço e cantorias. Mais pessoas vindas do interior da lancha aparecem. Pulam, dançam e cantam. Ato contínuo, alguns mergulham naquelas verdes águas. Os que permanecem na lancha gargalham, fazem troça e bebem dos seus copos. É, sem dúvida, um dia de festa para aquelas pessoas; estão desfrutando a vida.
Súbito, o homem de meia idade, gesticulando teatralmente, grita a plenos pulmões: "Aí! burguesada, pensou que só vocês podiam?" E, batendo a mão no peito, arrematou: "nós, os proletários, também chegamos aqui!". E, em seguida, dirigindo-se às pessoas que o acompanhavam, perguntou: "Quem, afinal, venceu a revolução de 64?"

sábado, 29 de maio de 2010

ADMIRÁVEL MUNDO DE AGORA

Mergulhado no buraco negro dos padrões culturais, o homem de agora, míope, não é capaz de ver nada além do horizonte de suas "verdades". Esmagado pelo peso descomunal da propaganda, as criaturas procedem como previu Aldous Huley, em 1931, no "Admirável Mundo Novo"-perdemos a liberdade individual.
O Cristianismo, por sua vez, tratou de transferir das mãos de Judas,para as de Jesus Cristo, o saco de dinheiro da "Última Ceia". A religião, que, após a queda do Império Romano, serviu para livrar o Ocidente da barbárie, agora treina o homem para manifestar sua fé através do bolso. E a Razão, desgraçadamente, deu lugar à alienação.
Nunca o ser humano foi tão escravo quanto agora-todos pertencemos ao Senhor Mercado. Arrastamos, presos na mente, os grilhões da lavagem cerebral que cria nossas necessidades. Não vamos ao "Shopping", vamos ao "Paraíso" - "Comprar é gozar".
Para tornar os tempos de agora ainda mais difíceis para o indivíduo, os profetas do apocalipse de plantão apregoam as catástrofes ambientais como nova forma de fim de mundo. Se antes era o perigo atômico, agora é a poluição que vai nos levar ao julgamento final.
Estes são alguns dos muitos aspectos atuais que ameaçam nossa felicidade. Contudo, podemos reagir a todas estas circunstâncias, a fim de conservar ou restabelecer nosso bem-estar pessoal. Como diz Huxley, há um único lugar no universo que podemos ter certeza de melhorar: o nosso próprio eu.

terça-feira, 25 de maio de 2010

O ENFOQUE



Quando criança,
o mundo era meu,
egocêntrica,
a razão era eu
e os tempos de início falavam:
EU AMAVA PORQUE ME AMAVAM.

Depois cresci,
fiquei maduro,
veio entendimento,
saí do escuro;
mudei o que falava:
PORQUE ME AMAVAM EU AMAVA.

E você, hoje, imatura,
com lógica obtusa,
ignora os argumentos
e até ouvi-los recusa,
quer ganhar sempre no grito
e me diz sem pensar:
TE AMO PORQUE TE NECESSITO.


Relevo teus caprichos,
sofro na tristeza,
esperando teu juízo
chegar na madureza;
ouço e não reclamo;
e te digo por isso:
TE NECESSITO PORQUE TE AMO.
RXJ

quarta-feira, 19 de maio de 2010

O Porquê deste Blog

É paradoxal, mas parece que, quanto mais informação existe, menos as pessoas se entendem. Ninguém pode, atualmente, alegar falta de meios para se comunicar com outrem. Como explicar, pois, os fatos que constatamos diariamente mostrando uma certa "loucura social", onde as pessoas, apesar de envoltas em conforto, recursos variados, lazer, liberdade, dão a entender, por suas lamentações, que estão infelizes?
Nota-se, com uma observação mais acurada, que a maioria das pessoas está diante de um enigma, sob a terrível ameaça do "Decífra-me ou te devoro", isto é, apesar de viverem numa época de abundância do "ter", facilidades, fartos recursos à disposição, estão completamente carentes de paz e tranquilidade.
Este blog, "O Aluguel da Felicidade", nasce com a intenção de permitir reflexões sobre a questão abordada acima, assim como permitir manifestações que, de uma forma ou de outra, tenham conexão com detalhes envolvendo as questões atinentes a cada um de nós, quando se fala no bem-estar do ser humano.